O Espírito Santo será o primeiro Estado do País a receber a exposição “Mestres Franceses”, aberta ao público a partir desta sexta-feira (27). Estarão expostos no Salão Afonso Brás, do Palácio Anchieta, obras de quatro renomados artistas: Edouard Manet, Pierre-Auguste Renoir, Fernand Léger e Marc Chagall.
A mostra reúne 131 desenhos originais do acervo da Collezioni D arte Camú, do Consorzio Camú da Itália e permanecerá em solo capixaba até o dia 10 de junho. O evento é uma realização do Governo do Espírito Santo, por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), em parceria com o Instituto Sincades.
Das gravuras, 25 são de Chagall, 63 obras em serigrafia são de Fernand Léger – pertencentes à coleção “O Circo” –, 11 obras litográficas foram produzidas por Renoir e 32 desenhos de águas-fortes e águas-tintas são de Edouard Manet.
As gravuras mais antigas são de Renoir, datadas de 1841, e representam o recorte das distintas vivências do artista. As cenas demonstram memórias dos vilarejos franceses de Limoges e Cagnes-sur-Mer.
Já Manet é representado por uma série de obras dedicadas a personagens do cotidiano. Chagall, por sua vez, demonstra sua busca espiritual nas 24 litografias da exposição, enquanto Léger poderá ser apreciado pela alegria do circo.
Além da variada temática das gravuras, a mostra terá um frontispício da coleção “Êxodo”, de Marc Chagall. O frontispício é a primeira página de um livro que traz o título em referência à obra do mestre francês presente na mostra.
Palácio Anchieta
O Palácio Anchieta é uma das mais antigas sedes de governo do País. O prédio, antes restrito aos governantes, agora, além de cartão postal da cidade e do Estado, é ponto de visitação turística.
A sede foi aberta à visitação pública em 2009, depois da restauração completa do prédio. Além de capixabas da Grande Vitória e do interior, o prédio recebe turistas de quase todos os Estados do Brasil e turistas de vários países.
O salão Afonso Brás já hospedou outras mostras de importância mundial, como a “A Beleza na Escultura de Michelangelo”, “Por Dentro da Mente de Leonardo Da Vinci”, “Mestres Espanhóis” e “Modigliani: Imagens de uma vida”.
Pela sua importância histórica e cultural, o prédio faz parte do Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos (IPHAN/MINC) e é tombado pelo Conselho Estadual de Cultura.
Sobre os artistas e as obras
Edouard Manet – 32 desenhos – obras gráficas reunidas de 1859 a 1882
Nascido em Paris, Edouard Manet viveu com todos os privilégios de uma boa educação. Porém, ao invés de seguir a advocacia, profissão exercida pelo pai e pelo avô, Manet preferiu entrar para a marinha naval e chegou a visitar o Brasil. Aqui, ele sofreria a influência das luzes da Baía de Guanabara e a retrataria em seus futuros quadros.
Depois da experiência mercante, Manet entrou para um ateliê em busca de conhecimento nas artes plásticas. Começava a caminhada de diálogo intenso com a arte tradicional e moderna. Com obras que tinham traços de afinidade com o impressionismo, cheias de ousadia artística e temas que fugiam do convencional, Manet se aproximou dos impressionistas em relação ao método: redução da pintura à sua natureza específica, pesquisa de massas, de luz e principalmente de cor.
Na exposição “Mestres Franceses”, há 32 obras do pintor ascendente da pintura moderna. Os desenhos estão reunidos em um portfólio por meio de ordem cronológica. A primeira obra é intitulada Silentium e é considerada a mais antiga entre as obras gráficas de Manet, seguida por Mariano Camprubi, de 1861, até Jeanne, de 1882 – a última obra que ele criou.
As obras foram feitas seguindo a técnica de águas-fortes e de águas-tintas, realizadas entre 1859 e 1882. Elas medem 45 x 32 cm, em uma edição de 100 exemplares publicados por Ströling em 1905 e impressos sobre papel Van Gelder.
Marc Chagall – 25 litografias em cores – “A História do êxodo, 1966”
Marc Chagall foi pintor, gravurista e surrealista. Com estilo pós-impressionista abstrato, o artista multidisciplinar retratou em cada gravura uma paixão vibrante pela vida. Com jogos e composições de cores que poucos artistas de sua época conseguiram, o bielo-russo e judeu Chagall já havia trabalhado com gravuras de conotações bíblicas.
Entre 1931 e 1939, ele retratou 105 gravuras que ilustram na Bíblia a vida de Moisés. Porém, as impressões não ficaram com a qualidade que o artista almejava, e Chagall lamentava não ter conseguido, no passado, interpretar por meio das cores a Bíblia e as Fábulas de La Fontaine. O motivo foi a falta, naquela época, de laboratórios especializados em impressão litográfica.
Vinte e cinco anos após as ilustrações para a Bíblia. Utilizando uma técnica diferente, Chagall consegue manter-se fiel a si mesmo e a sua veia poética, e reproduz novamente sua obra. Um profundo estudo interior e uma intensa busca espiritual permeiam as 24 litografias coloridas em exposição nesta mostra sobre a vida de Moisés.
A técnica de litografia em cores foi usada nas 24 gravuras e no frontispício, as dimensões das obras são de 52 x 39,5 cm e elas foram elaboradas no ano de 1966. Os 285 exemplares foram impressos em Paris, pelo amigo de Chagall, Fernand Mourlot, e publicados por Léon Amiel. A série é assinada por Chagall na página de justificação.
Pierre Auguste Renoir – 11 obras – “Limoges, 1841 e Cagnes- sur- Mer 1919”
Mestre da elegância e da delicadeza, assim pode-se descrever o sentimento ao se apreciar uma obra de Renoir. O francês impressionista sempre deu atenção especial à forma, à plenitude da cor e à energia de suas pinceladas, percebidas em suas telas.
Renoir foi o primeiro impressionista a ter sucesso com o público, e produziu suas obras precisamente por causa deste sucesso. A maioria das obras de Renoir foi pintada quando o artista já era famoso, e representa o desejo de atender à demanda de seus clientes. Quase 3/4 delas foram realizadas depois de 1900 e agrupadas em livros e portfólios produzidos por Theodore Duret, o biógrafo chefe dos impressionistas, e Ambroise Vollard, galerista de Renoir e um grande amante da arte da impressão.
Ao final de sua vida, devido à doença que o deixava com dificuldades para pintar (artrite), Renoir se dedicou à escultura. Ele morreu aos 78 anos em Cagnes-sur-Mer, deixando o legado de sua arte revolucionária espalhado pelas galerias dos grandes museus do mundo. Na mostra, o visitante poderá apreciar as técnicas de litografia, água forte e ponta-seca usadas nas 11 obras. As gravuras realizadas nos anos de 1841 e 1919 têm dimensões de 43,5 x 32 cm.
Fernand Legér – 63 obras – “O Circo 1950”
A formação de Fernand Legér se deu na Escola de Artes Decorativas de Paris. Oito anos após seu ingresso na Escola, Léger, oriundo da região da Baixa Normandia Francesa, instalou-se definitivamente na "Cidade Luz" e fez amizade imediata com Marc Chagall. A cidade, coração da cultura europeia, era a mãe dos movimentos internacionais e de vanguarda do Século XX.
Influenciado por Picasso, Léger usa em suas telas traçados cubistas. Em “O Circo”, compêndio obra-prima gráfica de Léger, cores, preto e branco, ilustrações e textos manuscritos recheiam as gravuras. Tendo sido concebido e estruturado como um livro, algumas serigrafias são impressas no verso de outras e, portanto, a moldura dupla-face precisa de uma exposição adequada.
Para Léger, o que melhor representava a forma curva é exatamente a estrutura redonda do circo, que é tomada como referência para expressar reflexões pessoais sobre a vida. Com esta série, Léger parece convidar as pessoas a assistirem ao espetáculo: "Vão ao circo, deixem seus retângulos, suas janelas geométricas e vocês estarão na terra dos círculos em ação". As peças de 1950 têm dimensões de 42x32 cm, e a série é assinada pelo artista na página de justificação.
Informações à Imprensa:
Fonte: www.es.gov.br