21/08/2012 07h11 - Atualizado em 04/05/2016 15h14

Portadores de doenças do sangue recebem acompanhamento no Hemoes

Pacientes que sofrem de doenças hematológicas encontram no Hemocentro da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) um centro de referência para acompanhamento destas patologias, com atendimento multidisciplinar especializado, incluindo médicos, dentistas, psicólogos e assistentes sociais, farmácia para distribuição de medicamentos específicos,
transfusão de sangue e orientação.

O serviço de hematologia do Hemoes é voltado principalmente para dois programas: o de coagulopatias hereditárias, que atende a pacientes com hemofilia e doença de Von Willebrand, e o de hemoglobinopatias hereditárias, que beneficia portadores de anemia falciforme e talassemia. Além destas, também são atendidos paci-
entes hematológicos gerais, com problemas como outras anemias adquiridas, plaquetopenias (diminuição nas plaquetas) e leucopenias (redução
dos glóbulos brancos do sangue).

Dentre as coagulopatias hereditárias, a mais frequente é a hemofilia, doença que se caracteriza por sangramentos nas articulações e músculos e é predominante no sexo masculino, já
que é transmitida pelo cromossomo sexual X.
Atualmente, 269 pacientes com a enfermidade estão em acompanhamento no Hemoes.

Segundo a coordenadora do Programa Es-
tadual de Coagulopatias, a hematologista Alessandra Nunes Loureiro Prezoti, os portadores de
hemofilia não possuem as proteínas responsáveis por estancar o sangue quando, por exemplo, sofrem um corte, e, por isso, sangram mais
do que o normal. Nos quadros graves e moderados os sangramentos repetem-se espontaneamente. “Um paciente grave pode ter até 30 sangramentos por ano”, informa.

O tratamento da hemofilia consiste na
reposição do fator de coagulação (anti-hemofílico). O Hemocentro distribui gratuitamente a medicação, que é feita a partir do plasma de doadores, que passa por diversos processos de industrialização para torná-lo seguro contra infecções virais, como hepatite. Quanto mais
precoce for o início do tratamento, menores serão as sequelas que os sangramentos deixarão. Além do acompanhamento, os pacientes são treinados a aplicar em casa a dose do
fator anti-hemofílico específico para seu caso sempre que houver sangramento.


Já a doença de Von Willebrand é a enfermidade hemorrágica mais comum e atinge cerca de 1% da população mundial, de ambos os sexos. Porém, mulheres têm mais probabilidade
de tê-la diagnosticada pelas manifestações durante a menstruação. O Hemoes possui 98 pacientes com essa patologia em tratamento.
A hematologista Alessandra Nunes Loureiro Prezoti explica que a doença de Von Willerand manifesta-se por hematomas, sangramentos na gengiva, no nariz e após simples cortes,
além de menstruação em excesso.

O tratamento ocorre por meio de reposi-
ção da proteína chamada fator de Von Willebrand ou uso de medicamento fornecido pelo Ministério da Saúde e distribuído no Hemoes.

HEMOGLOBINOPATIAS - Os portadores das
hemoglobinopatias hereditárias (anemia falciforme e talassemia) também recebem acompanhamento especializado no Hemoes. São atendidos no local cerca de 148 pacientes com anemia falciforme, doença crônica hereditária, muito frequente no Brasil, que gera alteração na hemoglobina (um componente do glóbulo vermelho responsável por carregar o oxigênio.
A anemia falciforme caracteriza-se por um quadro de palidez (anemia), pele amarela e crise de dor. É mais comum na população de pele negra e sua incidência é de 1 a cada 1.800 pessoas. Segundo Alessandra Prezoti,
a doença é diagnosticada a partir do teste do pezinho, realizado nos primeiros dias de vida do bebê. As crianças são acompanhadas pelo
Hospital Estadual Infantil de Vitória e Hucam e, a partir dos 18 anos, passam a ser atendidos no Hemoes.

O acompanhamento ambulatorial é feito a
cada quatro meses, com intervalos menores dependendo das complicações. Alguns pacientes precisam de transfusão de sangue mensalmente visando evitar um acidente vascular ce-
rebral. A medicação de alto custo é fornecida por meio da Farmácia Cidadã Estadual.
Já a talassemia é uma doença hereditária caracterizada pela deficiência na formação da
hemoglobina, uma proteína do sangue responsável pelo transporte de oxigênio para todos os tecidos do organismo. É mais comum entre os descendentes dos povos do Mediter-
râneo (portugueses, espanhóis, italianos, gregos, egípcios e libaneses).
A manifestação clínica mais característica da talassemia é a anemia. Somente casos de talassemia grave ou intermediária, em que o nível de hemoglobina é muito baixo, neces-
sitam de transfusão de sangue de rotina, na tentativa do organismo produzir mais glóbulos vermelhos, visando evitar deformidades ósseas, principalmente na face.


PACIENTES - Um dos pacientes atendidos
pelo serviço de hematologia do Hemoes é o estudante Rafael Gonçalves Lima, 10 anos, portador de hemofilia. Sua mãe, Luciana Gonçalves Lima, conta que só descobriu que o filho tinha a doença quando ele tinha 4 anos. “Perce-
bi desde que ele engatinhava que ele vivia cheio de mancha roxa. Mas só consegui confirmar o diagnóstico mais tarde, aos 4 anos e, desde então, começamos o tratamento”, explica.
Rafael passou a ser acompanhado no He-
moes, onde realiza consultas, exames, recebe medicação e aprende a aplicar o fator de coagu-
lação (anti-hemofílico), que ele mesmo usa em casa, com a ajuda de sua mãe, três vezes por semana. Segundo a médica, a auto-infusão pode
ser ensinada às crianças a partir dos 8 anos.
Outra paciente do serviço é a bibliotecária Priscila Eveline de Souza, 26. Portadora de anemia falciforme, ela faz acompanhamento
com o hematologista do Hemoes a cada três meses para avaliação de seus exames. Priscila conta que sua doença foi descoberta assim que nasceu. Às vésperas do parto sua mãe foi internada com pneumonia e os médi-
cos acabaram descobrindo que ela era portadora da doença e, assim que Priscila nasceu, também foi diagnosticada com a enfermidade.

Desde então, mãe e filha passaram a fazer o tratamento. A filha foi acompanhada no Hospi-
tal Estadual Infantil de Vitória até os 18 anos e, após essa idade, seu tratamento passou a ser realizado no Hemoes.
Nesse período, Priscila precisou ser internada várias vezes, passou por transfusões de sangue e outras complicações decorrentes
da doença. “Hoje, tomo ácido fólico todos os dias para controlar a hemoglobina. Às vezes
também sinto dores no corpo, principalmente nos dias frios, e tenho muita falta de ar e cansaço”, relata Priscila.

Informações à Imprensa:
www.dio.es.gov.br
2015 / Desenvolvido pelo PRODEST utilizando o software livre Orchard