Além da generosidade material, trazem consigo, principalmente, um ombro amigo para os momentos difíceis.
Atualmente, diversas organizações de voluntariado desempenham atividades nos hospitais da rede estadual. Uma delas é a Associação de Amigos do Hospital Antônio Bezerra de Faria e Hospital Infantil Alzir Bernardino Alves (SAHABF). O extenso nome combina com a amplitude de atuação dessa entidade sem fins lucrativos, fundada em 1999, e que hoje conta com 39 associados.
De acordo a presidente da SAHABF, Maria Vitória Lourenço Guimarães, voluntária desde o ano de fundação, tudo começou por causa do "drama social", conforme sua própria definição, de alguns pacientes internados, na época, no Bezerra de Faria. O trabalho foi ampliado pouco depois, quando foram convidadas a trabalhar no Hospital Infantil e Maternidade de Vila Velha (Himaba), dando assistência às mães carentes.
"A gente começou por causa do drama social dos pacientes. Começamos a fazer o nosso trabalho pensando em como ajudar. Na época,doávamos fraldas descartáveis, material de higiene pessoal, roupas e alguns remédios. Mas queríamos uma coisa de maior peso. Foi quando começou aquela ideia de humanização. Adotamos isso como nosso lema", relembra Maria.
O trabalho deu certo e a Associação ganhou espaço. "Fomos abraçando tudo aquilo que ajudava a melhorar a condição dos pacientes, ganhamos uma salinha". Os projetos também foram crescendo. Além da doação de materiais de primeira necessidade, o SAHABF criou iniciativas com foco mais amplo, como o "Posso Ajudar" e a "Casa Materna".
"O Posso Ajudar tem um trabalho de amenização, principalmente. Éuma parceria com os funcionários do hospital, não é independente. Nossa função é acalmar, conversar, ajudar no deslocamento para tirar um raio X, colher sangue, é uma ação social dentro do hospital", explica.
A Casa Materna foi inaugurada em 2008 e hoje tem 16 leitos para acolher as mães sem condições financeiras que vêm ganhar os bebês no Hospital Estadual Infantil e Maternidade de Vila Velha. "Recebemos mães carentes até da Bahia. Além do quartinho, oferecemos refeição noturna e café da manhã para mãezinhas que estão com filhos internados nos leitos intensivos, até mesmo quando a Sesa compra leitos de Utinem hospitais particulares. É terrível quando a mãe tem que voltar para o município de origem e o filho está internado", confessa a Maria Vitória.
Além de abrigo, o SAHABFtambém entrega enxovais completos para mães carentes. O kit conta com 26 peças de roupinhas para o bebê e também uma bolsinha com produtos de higiene pessoal para a mãe. Antes de receber os itens, o serviço social do Himaba faz uma triagem para avaliar a situação social da família. Se for o caso, tudo é entregue no momento da alta hospitalar.
Foi o caso de Amanda Cristina Loiola, 23 anos,que mora em Vila Velha, mãe do recém-nascido Paulo Henrique. Desempregada, ela recebeu um kit enxoval completo por se enquadrar na situação de uma mãe com baixa condição financeira. "Comprei poucas roupas para o bebê com o dinheiro que tinha.Esse enxoval vai me ajudar bastante. Meu esposo estava desempregado e entrou há 15 dias no serviço", disse sorridente, ao receber o kit.
CAPELANIA - A Capelaniaé um serviço de voluntariado que hoje atua em diversos hospitais públicos, como os Hospitais Estaduais São Lucas, Dório Silva, Infantil de Vitória, Infantil e Maternidade de Vila Velha e até mesmo na Santa Casa de Vitória - filantrópica. Com o decorrer do tempo, o objetivo inicial, que era suprir as necessidades espirituais de pacientes e acompanhantes, independentemente da religião, foi ampliada, e hoje se desdobra em vários projetos.
Segundo a coordenadora da Capelania, Chrystine Pereira Viana, a atuação dos voluntários varia de acordo com os hospitais. "Prioritariamente realizamos visita leito a leito,quando há contato direto com pacientes e familiares, e é feita oração e conversa para confortar. A partir deste contato, surgem novas demandas", salienta.
No Hospital Estadual Infantil de Vitória, em Santa Lúcia, das visitas leito a leito surgiram iniciativas como a Oficina de Artesanato, voltada para as mães das crianças internadas, e o Projeto Pão da Vida, que fornece lanche aos pacientes que aguardam por consulta – muitos deles são de baixa renda. Vale destacar que a alimentação é providenciada pelo Hospital em casos de internação.
Há ainda o Projeto Música, que começou neste ano. Os músicos percorrem os corredores do Hospital com seus instrumentos, mudando um pouco a rotina do local, promovendo a musicoterapia. Além dele, o Projeto Contação de Histórias vai de setor em setor para contar estórias infantis. "Esses projetos conseguem trazer o sorriso no rosto de uma criança que às vezes está há uma semana sem rir", diz Chrystine.
Ela lembra que a atuação do voluntariado está de acordo com toda a dinâmica de funcionamento do Hospital. "A Capelania é um serviço complementar, não está à parte", ressalta. Antes de ingressar, o voluntário deve cumprir alguns requisitos, como ser vinculado a alguma religião e passar por capacitação. "O Hospital é um ambiente diferenciado, o voluntariado não pode ser feito de qualquer forma", conta.
"Se pudéssemos resumir a atuação da Capelania em um nome, seria amor. Queremos mudar aquela visão tradicional do Hospital, que é marcada por sentimentos como culpa, ansiedade, desânimo e solidão", conclui a coordenadora. Hoje, cerca de 100 voluntários da Capelania desenvolvem trabalhos no Hospital Estadual Infantil de Vitória.
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